terça-feira, 12 de junho de 2012

A necessidade do conhecimento não-perecível

Na última semana tive a oportunidade de conviver por alguns dias com uma grande figura da música, o vocalista da banda Nenhum de Nós, Thedy Correa. Além de um grande cantor, músico, compositor, escritor, também ministra palestras em empresas e universidades fazendo um paralelo entre a música e o mundo corporativo. Assisti a sua palestra e pude notar o encantamento do público ao surpreender-se com um roqueiro dos anos 80 ensinando sobre inovação, criatividade e liderança de uma maneira simples, didática e por vezes, poética. Sensacional!


Mas o que realmente me impressionou na última semana foi acompanhar um pocket show do Nenhum de Nós na FNAC, em Goiânia, e constatar que jovens de 17, 18, 20 anos de idade cantando todas as músicas do Nenhum de Nós que estouraram nos anos 80. Jovens que ao menos eram nascidos na época, mas que foram presenteados com canções que ultrapassaram a barreira do tempo como “Camila, Camila”, “Astronauta de Mármore”, “Você vai lembrar de mim”, dentro outros sucessos da banda.


Isso me fez refletir sobre os fenômenos musicais que aparecem diariamente. Quem se lembrará do hit “Ai, se eu te pego” daqui a dois anos? Quem ainda pedirá nas rádios “Eu quero Tchu...” daqui a seis meses? Resposta: NINGUÉM! Sabe por que? Por que são canções que não marcam gerações, não emocionam, não tem história, enfim, não tem cultura, é perecível!

Porém, isso não acontece só com a música. A novela de sucesso hoje, ninguém se lembre mais daqui a 3 meses. Os artistas que se destacam hoje, em sua maioria, não são lembrados daqui a 1 ano e logo se submetem a realities shows que tentam, de uma maneira que beira o ridículo, a coloca-los de volta na mídia. Os artistas que se sustentam são aqueles que não buscam o sucesso a qualquer preço, que realmente dominam e fazem da sua arte o seu maior patrimônio.

Nas organizações não é diferente. É triste ver que muitos profissionais dão um valor excessivo a tecnologia e deixam de lado o real valor de uma empresa: o relacionamento, a estratégia, a proximidade com o cliente, a discussão em prol dos novos rumos da organização, enfim, se esquecem do fator humano, o único elemento que verdadeiramente pode manter uma organização sustentável. Os e-mails estão substituindo as conversas; o SAC está aniquilando o relacionamento verdadeiro com os clientes; o planejamento estratégico com todas as suas diretrizes, indicadores e ações totalmente desenhados pela diretoria está destruindo a capacidade das pessoas de pensarem e participar das estratégias da empresa; a terceirização da liderança para o RH está derrubando o real sentido da figura do líder, o desenvolvimento das pessoas.

Eu percebo que as pessoas estão tecnologicamente evoluídas, mas não estão dando espaço a cultura, ao conhecimento não-perecível. A tecnologia evoluirá e muito e acompanha-las será um fator natural. Mas e o conhecimento que ultrapassa os séculos e não morre, estamos buscando? Falo da literatura, da arte, da cultura, da política, da ciência, enfim, do conhecimento que moveu e move a sociedade, mas que a cada dia está nas mãos de poucos, dos poucos que ainda se preocupam e manter-nos perenes, mas também está nas mãos de alguns que desejam dominar uma sociedade que poderá tornar-se cada dia mais fútil.

Busquem a inovação, mas valorizem a cultura, afinal, sem ela, não existe a inovação!

Até semana que vem!

Alexandre Prates

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